Uma nova perspectiva?

Quando inicie minha jornada Kung Fu, conheci o Sistema Ving Tsun através de um Núcleo da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence em Jacarepaguá, e desde de o primeiro contato fiquei muito impressionado com as habilidades corporais dos praticantes mais experientes, assim como encantado com a proposta de um processo de Transmissão completamente exótico diante do que me era comum, ou que eu já tinha vivenciado sobre Artes Marciais.

Foto Tradicional "SI TO" com Mestre Sênior Julio Camacho e sua Esposa Márcia Moura Camacho.
Ao Fundo o Discípulo Claudio Teixeira
 
Lembro me que na medida que me eram apresentados os conceitos peculiares sobre como cada um dos seis Níveis davam acesso às Naturezas de seus respectivos Domínios desse Sistema, da mesma maneira que intelectualmente e até  intuitivamente tudo que me era explicado fazia muito sentido, corporalmente sentia que expressar-me com a mesma desenvoltura e entendimento dos praticantes mais antigos parecia-me inefável.
Ao Fundo Claudio Teixeira coordenando atividade prática no Centro de Transmissão Vitrine de Ipanema do Instituto Julio Camacho de Ving Tsun Kung Fu
O então responsável pela direção do Núcleo, hoje Titulado como Mestre Sênior Julio Camacho,  e que alguns anos depois se tornou meu Si Fu (Líder de Família Kung Fu e Mentor), sempre me salientava o quão era crucial me aprofundar na Vida Kung Fu para extrair do Sistema Ving Tsun, tanto a capacidade de praticá-lo com excelência, assim como os benefícios de se extrapolar para o cotidiano a Marcialidade desenvolvida através desse aprofundamento. Por alguns anos não compreendia como dedicar-me à atividades que não fossem os treinos corporais aumentariam minha capacidade de me desenvolver-me no Sistema, e quais seriam os benefícios, além dos relacionais, de se pintar um Centro de Transmissão, viajar com um mestre, participar de refeições com outros praticantes, ou ajudar nas Cerimônias Tradicionais.
Ao fundo Alexandre Rangel, Claudio Teixeira, Thiago Silva, Carlos Antunes e Carlos Antônio, todos Discípulos do Mestre Sênior Julio Camacho sentado à frente,
Após 2013, quando finalmente decidi tornar-me Discípulo, passando de Membro Regular para Membro Vitalício da Família Moy Jo Lei Ou, gradativamente comecei ampliar minha participação numa série de atividades além das práticas, me tornando rapidamente o Discípulo que mais viajou com nosso Si Fu. Nessas viagens, mesmo que em muitas delas não se tenha tido tempo algum para praticar, minhas habilidades corporais aumentavam, e aquilo que me fazia sentido sobre conceitos do Sistema, começaram fazer parte das minhas escolhas e maneira de enxergar o mundo. 
Letícia Tonietto, Rita Nogueira, Diogo Matheus, Claudio Teixeira e Gérson Aguiar em um Momento de Vida Kung Fu em Ipanema.
Recentemente na Segunda Imersão na Vida Kung Fu nosso Si Fu reforçou a necessidade de uma profunda restruturação no modelo relacional de acesso ao Sistema Ving Tsun em nossa Família Kung Fu. Sempre sobre o signo de inovar através de um olhar que busca aprofundar-se em tudo que apresenta, assim como o próprio modelo dessa Imersão, a primeira que participei, que foi trabalhada de uma maneira muito sintonizada com a sua forma de compreender como as Relações Discipulares são próprias para serem vivenciadas  objetivamente no convívio doméstico, intimo e familiar. O que foi percebido por todos os integrantes da comitiva formada por cinco Discípulos completamente diferentes mas que puderam se sintonizar à Vida Kung Fu como membros da Família Moy Jo Lei Ou no seio da família Camacho dando muito mais compreensão e entendimento de como a Marcialidade pode ser levada às ultimas consequências plausíveis tanto na exploração de dispositivos de Combate Simbólico, quanto de atividades do cotidiano como fazer compras, visitar uma loja de automóveis, preparar uma refeição ou reformar uma parede para refazer a decoração da casa.
Claudio Teixeira, Carlos Antunes, Mestre Sênior Julio Camacho e sua esposa Márcia Moura, Alexandre Rangel, Thiago Silva e Carlos Antonio passeando na Flórida.

Creio que pelo total sucesso tanto no formato quanto no resultado dessa proposta de Transmissão, o Si Fu se sentiu impelido em avançar sua pretenção, que aposto que para muitos será ousada, de reduzir de três graus relacionais o acesso ao Sistema Ving Tsun através da Vida Kung Fu em sua Família Moy Jo Lei Ou, para apenas dois muito mais alinhados com o que talvez tenha sido a entrega de nosso Legado em nosso passado Genealógico. Até então existia em nossa Família a perspectiva que o acesso ao Sistema Ving Tsun deveria ser preservado e provido apenas às Discípulos, tendo os Membros Regulares, também chamados de Familiares, acesso ao Programa Experiêncial, e por fim através do inovador Programa Fundamental, por onde os fundamentos do Sistema seriam apresentados aos Aspirantes a Membros, ou alunos. Faço aqui um comentário pessoal que levei ao Si Fu em nossa conversa na Flórida sobre isso: sempre me causou estranheza a diferença entre Membro Regular e Membro Vitalício, dado que ambos são considerados parte da Família Kung Fu. Era pra mim como se noivasse para morar junto porém dormindo no sofá. Entretanto a partir de agora, o Si Fu extinguirá o Membro Regular de nossa Família Kung Fu, e os graus relacionais serão apenas Membros Vitalícios e Aspirantes a Membros, sendo o Sistema Ving Tsun restrito aos primeiros, e a apresentação de seus respectivos fundamentos aos segundos. 

Mestre Sênior Julio Camacho ao fundo de vermelho promovendo o acesso ao Sistema Ving Tsun aos Discípulos Carlos Antônio e Alexandre Rangel, sobre o olhar atendo de  Carlos Antunes e Thiago Silva, sentados, após um agradável jantar em sua casa na Flórida.
O que a princípio parece inovador, de fato foi conceituado pelo Si Fu mais como um resgate à Tradição da Transmissão que uma inovação, pois o Sistema, como nossa Genealogia sugere, sempre foi transmitido ora no seio familiar, ora em grupos restritos de convívio intimo e constante. E o processo de Transmissão em Núcleos com características mais corporativas surgiu com necessidades pontuais de contextos históricos desde de que Patriarca Ip Man chegou em Hong Kong, até o Sistema chegar à nós. Com tudo isso vivemos um momento ímpar na história da Família Moy Jo Lei Ou, onde o Centro de Trasmissão Vitrine de Ipanema encerrou suas atividades na loja física no espaço da galeria que levava esse nome, mas os praticantes que usufruíam do local continuam se encontrando regularmente em ambientes abertos, nas praças do bairro, e em breve serão disponibilizadas novas possibilidades de horários em outros locais, assim como na nova sede na Barra da Tijuca que retornará ao endereço conhecido por muitos na Avenida das Américas 2300, agora na sala 318.

Diante de tantos resgates, retornos, inovações, mudanças, e apostas para o futuro, conversei recentemente com o Si Fu sobre o processo de quatro praticantes oriundos de Ipanema, e uma da Barra. Gérson Aguiar, Discípulo que se mudará para Portugal em breve, Daniel Araújo e Letícia Tonietto, Membros Regulares que manifestaram o desejo de se tornarem Discípulos, Rita Nogueira e Alexandre Samis, Aspirantes à Membros que decidi iniciar o processo de convidá-los integrarem a Família Kung Fu. Imediatamente o Si Fu me solicitou que eu convidasse todos para conhecê-lo melhor num Palestra Sobre as Relações Discipulares na Família Kung Fu neste Sábado às 10:00 da manhã. Onde o Si Fu deverá reforçar sua proposta que descrevi acima. 
Claudio Teixeira e Alexandre Samis em Momento de Vida Kung Fu em Ipanema

Particularmente sou um profundo entusiasta desse forma incrivelmente transformadora de se desenvolver Kung Fu no acesso Familiar do Sistema Ving Tsun através da Vida pelo convívio cotidiano, e vejo com excelentes olhos como pessoas tão diferentes quanto Rita, Letícia, Alexandre e Daniel podem extrair muitos benefícios para si através da Marcialidade de características pessoais que lhe são tão evidentes de se perceber em cada um como a intuição como ferramenta de orientação, a dedicação diante de adversidades pessoais, a sabedoria com ousadia, ou a ansiedade para aprender cada vez mais. Assim como creio que o Acesso à Natureza do Biu Ji será uma importante ferramenta nos tantos desafios além mar de meu querido irmão Kung Fu Gérson.
Gérson Aguiar e Claudio Teixeira praticando o Sistema Ving Tsun de Kung Fu na Praça General Osório
É com muito alegria que encerro esse texto trazendo um pouco do tanto que tem acontecido em nossa Família Kung Fu, e com muito entusiasmo me coloco para divulgar essas questões, assim como não posso me furtar em afirmar o quão me sinto reforçado em meu compromisso de honrar nossa Ancestralidade como Discípulo de nosso Si Fu reforçando abaixo o convide para nosso encontro Sábado vindouro.

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